segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Exageros e redundâncias de Primavera

(texto escrito entre os dias 27 e 29 de setembro)


A proximidade do mês de outubro me traz uma sensação de introspecção. Setembro definitivamente sempre foi um mês de grandes mudanças, de grandes acontecimentos. E essa busca constante por memórias, para fazer associações históricas aos pensamentos de hoje, deixam no ar uma bruma melancólica que por vezes é saudosista em exagero, e pelo retrospecto, um tanto pessimista.

Pensando bem, talvez eu seja mesmo a pessoa certa pra falar de saudosismos e de exageros, juntos ou separados. Sem importar-me com o pecado da redundância, se fosse necessária a definição com adjetivos (in)diretos para cada um dos meses do ano, melancolia seria palavra certa no descritivo de setembro. Mas talvez eu seja a pessoa errada pra falar ou escrever sobre o mês de setembro, por certo pelo pessimismo quanto ao movimento cíclico das estações, essa transformação inverno/primavera, que me traz sempre lembranças extremas. Quase sempre, melancólicas.

Posso tentar justificar meu pessimismo com eventos históricos talvez, dizendo que em setembro de 1939 a Alemanha invadiu a Polônia e deu início à Segunda Guerra Mundial. e que em 1941 a força aérea inglesa bombardeou Berlin. Em setembro morreram Hendrix, Mao Tse Tung, Lacan e Freud. Mas isso não muda nada, não é reforço significativo aos meus sombrios dias de setembro.

A parte certamente gratificante dessa viagem de ficar em constante auto-analise, é quando aquela bad trip de tantos meses, se desfaz. Como um trem bala que da milhões de voltas em círculos sem chegar a lugar nenhum, até que num certo momento a estação surge de trás de uma montanha e assim sem que ninguém espere, chegamos ao destino.

Engraçado como a vida sempre promete uma nova estação, seja pelo trem que inevitavelmente nos leva a novos destinos, seja pela paisagem do pano de fundo da nossa história. Hora com cores frias e sem brilho, hora verdejante e insinuando renovação, como num teatro em que encenamos nossa vida sempre com um enfoque diferente. A paisagem é o termômetro de tudo que há de vir adiante, a paisagem que muda pouco a pouco pela janela do trem, e que muda pelo seu ciclo natural no horizonte.

Nós todos somos um tanto quanto idiotas às vezes, esperando que o trem chegue logo ao destino final, quando na verdade a paisagem pela janela é definitivamente a melhor parte da viagem. Mas nós mortais de longa vida curta, temos pressa, queremos a velocidade máxima o tempo todo. Tudo com a urgência do condenado a forca. Sem perceber que é possível ser o mais rápido, sem ultrapassar o limite de velocidade.

Setembro é apressado, termina antes que Outubro. Não tão apressado quanto Fevereiro com seus mágicos 28 dias. Setembro é o yin-yang do cinza inverno com a multicolorida primavera. Setembro melancolia é só uma das muitas estações que o trem deixa pra trás, dele levo as inúmeras paisagens na lembrança. Mas talvez eu seja mesmo a pessoa errada pra falar de setembro, afinal ele não deve ser tão melancólico assim, por estas redundâncias e exageros dos quais não fujo, que venha outubro então.

2 comentários:

  1. "Que venha outubro então." Tenho um grande amigo que faz aniversário nesse mês, conhece? he he he.
    E junto com outubro que venha, o calor, as festas, cervejadas, churrascos e que continuem em novembro, dezembro dai só falta aquele acampamento magnata com os amigos!!!

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  2. Vejo o teu setembro no meu dezembro, sem porquês, só a mesma sensação de voltas e voltas sem lugar nenhum... quantos setembros...

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