(texto escrito entre os dias 27 e 29 de setembro)
A proximidade do mês de outubro me traz uma sensação de introspecção. Setembro definitivamente sempre foi um mês de grandes mudanças, de grandes acontecimentos. E essa busca constante por memórias, para fazer associações históricas aos pensamentos de hoje, deixam no ar uma bruma melancólica que por vezes é saudosista em exagero, e pelo retrospecto, um tanto pessimista.
Pensando bem, talvez eu seja mesmo a pessoa certa pra falar de saudosismos e de exageros, juntos ou separados. Sem importar-me com o pecado da redundância, se fosse necessária a definição com adjetivos (in)diretos para cada um dos meses do ano, melancolia seria palavra certa no descritivo de setembro. Mas talvez eu seja a pessoa errada pra falar ou escrever sobre o mês de setembro, por certo pelo pessimismo quanto ao movimento cíclico das estações, essa transformação inverno/primavera, que me traz sempre lembranças extremas. Quase sempre, melancólicas.
Posso tentar justificar meu pessimismo com eventos históricos talvez, dizendo que em setembro de 1939 a Alemanha invadiu a Polônia e deu início à Segunda Guerra Mundial. e que em 1941 a força aérea inglesa bombardeou Berlin. Em setembro morreram Hendrix, Mao Tse Tung, Lacan e Freud. Mas isso não muda nada, não é reforço significativo aos meus sombrios dias de setembro.
A parte certamente gratificante dessa viagem de ficar em constante auto-analise, é quando aquela bad trip de tantos meses, se desfaz. Como um trem bala que da milhões de voltas em círculos sem chegar a lugar nenhum, até que num certo momento a estação surge de trás de uma montanha e assim sem que ninguém espere, chegamos ao destino.
Engraçado como a vida sempre promete uma nova estação, seja pelo trem que inevitavelmente nos leva a novos destinos, seja pela paisagem do pano de fundo da nossa história. Hora com cores frias e sem brilho, hora verdejante e insinuando renovação, como num teatro em que encenamos nossa vida sempre com um enfoque diferente. A paisagem é o termômetro de tudo que há de vir adiante, a paisagem que muda pouco a pouco pela janela do trem, e que muda pelo seu ciclo natural no horizonte.
Nós todos somos um tanto quanto idiotas às vezes, esperando que o trem chegue logo ao destino final, quando na verdade a paisagem pela janela é definitivamente a melhor parte da viagem. Mas nós mortais de longa vida curta, temos pressa, queremos a velocidade máxima o tempo todo. Tudo com a urgência do condenado a forca. Sem perceber que é possível ser o mais rápido, sem ultrapassar o limite de velocidade.
Setembro é apressado, termina antes que Outubro. Não tão apressado quanto Fevereiro com seus mágicos 28 dias. Setembro é o yin-yang do cinza inverno com a multicolorida primavera. Setembro melancolia é só uma das muitas estações que o trem deixa pra trás, dele levo as inúmeras paisagens na lembrança. Mas talvez eu seja mesmo a pessoa errada pra falar de setembro, afinal ele não deve ser tão melancólico assim, por estas redundâncias e exageros dos quais não fujo, que venha outubro então.
"Que venha outubro então." Tenho um grande amigo que faz aniversário nesse mês, conhece? he he he.
ResponderExcluirE junto com outubro que venha, o calor, as festas, cervejadas, churrascos e que continuem em novembro, dezembro dai só falta aquele acampamento magnata com os amigos!!!
Vejo o teu setembro no meu dezembro, sem porquês, só a mesma sensação de voltas e voltas sem lugar nenhum... quantos setembros...
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