sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Metas

Já que assumimos essa condição, de que em terras tupiniquins o ano só começa depois do carnaval. Vou com minhas considerações pra esse 2012, sem o pudor de traçar metas e planos que eu não possa falhar. Porque falhar é sempre mais provável.

Todo ano eu encaro com normalidade a mesma pergunta, e com uma eloqüência que faria de mim um esplêndido político, respondo com a certeza de quem passou dias traçando planos. "Quais as minhas metas pra esse ano?"

Criatividade pra respostas nunca me faltam... Cada uma de acordo com a expectativa do interlocutor...

Mas... Francamente! Ora senhores, a única e verdadeira meta certamente é de viver. E entupido de algum otimismo, arriscaria dizer, de viver melhor. Cometer exageros e arriscar tudo por um singelo punhado de boas lembranças. Viver, do jeito que cada um define isso. Melhor, porque em algum momento trágico da evolução, desenvolvemos esse desapego pelo presente e passamos a desejar o futuro. De algum modo, o presente nunca é adequado, nunca é bom o suficiente. Queremos o futuro como se nele estivesse escondido um novo mundo, melhor que o atual.

Mas na maioria das vezes a gente não tem a menor idéia do que é mesmo melhor...

Mas cá pra nos, qual é a importância de ter metas..? De um ano que tanto faz se começa em janeiro ou em março.??? Ler mais, ter mais saúde, passar mais tempo com os amigos ou com a família. Economizar dinheiro pra isso ou pra aquilo. O quanto é importante "disso ou daquilo", ou a saúde ou os livros..?

Na maioria das vezes a gente não sabe mesmo se tem metas, tão pouco sabe mensurar a importância que elas tem ou deixam de ter...

Nesse ano, que começa então com o fim do carnaval, a meta mais honesta que pude definir, foi a de não ter meta nenhuma. Não quero começar nada em nenhuma próxima segunda feira e nem quero abandonar nenhum vicio. Não tenho dietas em mente, não tenho planos de viagem e muito menos intenção de resolver pendências antigas. Acho que a única perspectiva de futuro a se importar, é a previsão do tempo. E mesmo assim, só pra fazer o contrario e pegar chuva quando eles dizem que vai fazer sol.

Minhas metas pra 2012 pós carnaval, é de me surpreender sempre que possível... Vamos.?

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

My Blue Suede Shoes ou Quase Isso.!

As pessoas riem do meu sapato azul de cadarço branco. Eu não ligo. Eu já usava esse sapato azul de cadarço branco muito antes de ter um sapato azul, de cadarço branco. É um pouco irônico, pois tem gente que acha super cool se ao invés do meu sapato, eu usar um all star azul. Tem até música que fala disso, e o moderno da vez é ser old school. Vintage, dizem eles. Bobagem...

Até uso o tal all star azul, porque é coisa da minha infância. Lá naquela época - e sempre soa tão medieval - O all star era o tênis barato que a galera podia usar. Essas babaquices de tênis importado não existia. O melhor tênis do mercado era um Rainha Sistem com amortecedor e com uma paradinha que girava, ao invés do cadarço. E custava pelo menos uns 10 pares de all star. Acho que em toda minha vida, só vi um desses. Era mais ou menos a Ferrari dos tênis, hoje ultrapassado. Ou vintage.

Não gosto de rótulos, e se dizem q sou old school porque bebo cerveja ao invés de uísque com energético, até entendo. Talvez porque em tempos de bue-ray eu penso com ganas em um super tocador de vinil. Mas vinil também voltou a moda, o tal vintage de novo, de novo os rótulos...

No show do Ringo, no ano passado, havia uma multidão de adolescentes. Contraste interessante com os senhores de cabelos brancos. Eu não era de turma nenhuma, de all star azul e ensaiando uns fios brancos na barba. Fiquei de olho num trio que sentou na minha frente. Eram vintage dos pés a cabeça. Embalados e rotulados. Pena não conhecerem absolutamente nada de Beatles. Sei lá, deduzo que ter ido ao show do velhote Ringo Starr seja uma credencial bem bacana na tribo deles. Sei lá que tribo, se é vintage, old school ou só da moda mesmo.

É engraçado como as pessoas se ofendem com julgamentos e rótulos. Mas quase nunca percebem que são elas mesmas que se colocam em situações de julgamento. E são elas que vivem buscando incessantemente um rotulo que as coloque em algum lugar distinto nos grupos sociais. Os rotulados se agrupam, e seguem nessa briga por ter o "rotulo" mais bonito.

Quando eu era moleque e jogava basquete, os caras usavam camisetas do Bulls e do Lakers. Eu usava uma camiseta do Guns n´Roses que tinha o numero pintado com Spray. O mesmo spray de tinta azul que usei pra pintar um tênis velho. Meu primeiro sapato azul de cadarço branco. Aquilo sim era motivo pra que rissem de mim.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Uma Cara Nova na Tua Camiseta

Ainda me impressiono como as pessoas se deixam enganar pelos personagens que a mídia cria. Até entendo isso vindo de adolescentes aficionados por astros de rock ou por artistas de cinema. Mas quando vejo adultos, inteligentes e capazes, num lance que beira a adoração de uma divindade. A fé cega de admirar sem conseguir aceitar defeitos e potencializando ao Maximo características simples e até grotescas. Isso me assusta.!

A mídia precisa criar personagens cativantes, assim eles atingem sua principal meta, que é vender. Vender um filme ou uma musica. Vender um produto ou um conceito. A mídia sobrevive disso, e criar esses personagens é seu maior trunfo.

O mocinho da vez é Steve Jobs. Citam frases dele como se fosse o próprio Buda reencarnado. Sobram adjetivos: Gênio; visionário; O cara que revolucionou o mundo digital. Em resumo, ele é o novo supra sumo de ser humano. Pena que ninguém lembra de coisas simples.

Steve Jobs foi só um milionário excêntrico que quase faliu a própria empresa. E quando dizem que ele fundou a Pixar, esquecem que ele só patrocinou os caras que tiveram a idéia. Ele também não inventou nada, como dizem. Ele só incorporou conceitos a um conceito maior que já existia. E por mais genial que ele pareça ser, sua empresa corresponde a uma ínfima fatia do mercado de computadores, dominada por dispositivos do padrão PC e com sistemas operacionais Microsoft. E o ser humano perfeito é o mesmo que possui fabricas na China usando de mão de obra barata, de trabalhadores em condições sub humanas. O mesmo que se auto creditou criação e o desenvolvimento de todos os seus novos produtos, ignorando completamente a equipe de projetistas. Os caras que realmente tiveram a idéia, desenvolveram e executaram. Enfim, ele assume o filho que não é dele.

No fundo, o que o Sr. Steve Jobs tinha, era muito dinheiro e uma boa equipe de marketing. Que fez dele o contrario do que representava o seu concorrente, Bill Gates, que possui a imagem de ganancioso e monopolizador. Criou-se assim o mito de vilão e mocinho. Numa história onde não tem mocinho algum...

Não há nada de novo nisso. Somos dados a divindades e ídolos. E esquecemos que qualquer ser humano tem defeitos e qualidades. E que focado num defeito ou em uma qualidade, podemos criar uma imagem positiva ou negativa de alguém. Assim como Lennon que é símbolo da pacificação dos anos 70. Mas que na verdade era um viciado em heroina que batia na mulher e que rejeitou o filho. Ou Che Guevara, que é símbolo da revolução pela liberdade, mas mandava fuzilar qualquer um que fosse contra o que ele acreditava ser a revolução. E assim segue...

Dia desses fiz um teste e citei frases ditas por Hitler, dando créditos a esses caras. Steve Jobs e John Lennon... Todo mundo acha o Maximo e segue a correnteza. E isso só demonstra como é fácil criar uma fantasia e um mito. Se o cara que estampa as camisetas era herói ou vilão, pouco importa. Importa o que a mídia quer que ele seja.!