segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Os Imortais do Ctrl C - Ctrl V

Ainda sobre a internet, um pouco das Celebridades do Mundo Virtual...

É tudo mais ou menos assim:

O cara tem um blog de humor, machista de mau gosto e repetitivo. Ou seja, um blog de sucesso.! Há também um outro que faz muito sucesso publicando fotos cheias de sangue e carne crua. Gente morta e violência pra todo lado. Quase um filme de terror, só que de verdade. A antítese do humor talvez. Pão e circo.? Então daremos ao povo o que o povo quer.

Os blogs aos poucos saem de moda, porque afinal, ler é um saco. (muita letra e pouca foto e pronto, já fechou sem ler) Então vamos facilitar tudo fazendo um vídeo. Feliz pra quem quer felicidade ou todo putinho pra quem quer rebeldia... Um vídeo ninguém resistirá...

Assim a guria posta vídeos na internet, e ainda que seja uma graça falando de um jeito descontraído, é só mais uma moralista ancorada em pudores. Fazendo de conta que é de verdade, o personagem que criou. Um outro moleque fala de música como se tivesse sido parido nalgum canto de Woodstock. O outro reclama da vida e xinga todo mundo com a urgência de quem nunca saiu sozinho do próprio prédio.

Do outro lado, nós, o publico que recebe isso de braços abertos.!

A criatividade quase sempre gira em torno de Ctrl C - Ctrl V nesse fabuloso mundo virtual. E ganha quem tiver o maior numero de adeptos, ou que tiver o maior numero de adeptos fervorosos. Pra isso o velho Goebbels tinha razão, a propaganda e a retórica tem uma força inimaginável.

Há ainda os filósofos de frases feitas, que adoram citar defuntos famosos. Que tiveram um puta trabalho pra escrever obras intensas e contundentes. Pra que algum gênio moderno, fatiasse, picasse, resumisse tudo em 140 caracteres e recebesse os louros pelo melhor ressumo da obra.

Nosso futuro... Um triste breve futuro. Talvez seja de ter na já tão avacalhada Academia Brasileira de Letras, esse pessoal que esbanja talento em copiar e colar. Serão eles os Imortais da Academia. Os formadores de opinião do futuro. Estes retrógrados escribas, incapazes de criar, mas com habilidade única em reproduzir toda merda que acham pelo caminho. E francamente, quanta merda há no caminho heim!!!

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Fogos de Artifício não Fazem a Revolução

Há alguns dias, conversando com uma pessoa dessas que não desgruda o celular por conta do facebook. Perguntei se ela tinha mesmo aqueles 2mil e tantos amigos se no aniversário dela não tinham mais do que 10 pessoas.? Acho que ela não gostou. Acho até que teria me excluído da sua lista de amigos. Mas como nesse mundo "facebookiano" estatística é tudo, provavelmente não faria nada p/ perder um adepto. Sei que fui grosseiro da forma como me expressei e fico até um pouco envergonhado com isso. Mais pela falta de sensibilidade na hora de me expressar do que pela idéia que tenho sobre o assunto. Nesse caso, o paradoxo de ter um avatar muito popular, mas de ser um pé no saco na hora de jogar conversa fora.

Não sou filho dessa geração FaceBook. Dentro e fora da internet sou um dinossauro sobrevivente. Mas aprendi a me alimentar somente das poucas coisas boas que surgem nesse meio. Sei que há mais gente assim, mas até quando resistiremos, não sei. Acho que o segredo é parar de fazer cabo de guerra contra as tendências e se deixar levar com mais naturalidade, mas principalmente, sem levar tudo tão a sério. A ferramenta não pode domar o artesão, e a internet é só mais uma ferramenta.

Nessa coisa de escrever e publicar num blog sou meio dinossauro. Peguei o inicio dessa mania lá pelo final do século passado, Sim, o século passado, 1999/2001. Naquela época a onda era meio underground, escrever nesse "diários virtuais" era quase como fazer punk rock. O lance "Do it yourself" (faça-você-mesmo) era bastante libertador. Confesso que era muito mais pé no saco que hoje, sim, mas ao mesmo tempo era muito mais intimista. Permitindo quase sempre uma aproximação maior entre leitor e autor. Não existiam ainda essas sub celebridades de internet, que todo mundo conhece, mas que ninguém nunca viu. Havia também uma estranha reciprocidade em que o leitor também era autor e o autor era lido por outro autor/leitor. Enfim, uma “pagação de pau” cíclica ad infinitum.

Eu comecei a escrever num blog porque, desde a maquina de escrever Olivetti, aos rabiscos nos cadernos e apostilas do cursinho, escrever era a minha praia. Jogar na rede esses textos era inevitável. Havia uma busca por reconhecimento e com certeza "blogar" era o caminho mais curto. Penso, logo existo. Escrevo, logo penso, logo existo -Logo Blogo. Acho que era essa a grande viagem de quase todo mundo que entrou nessa.

Peguei o inicio de quase tudo dessa internet comercial dos últimos 15 anos. E como tudo tem data de validade curta, muitas das novidades que vi nascer já nem existem mais. Peguei o trem andando com o Mirc e ICQ, mas tava ligado quando o Napster estourou. Quando fechou também. Quando o Kazaa tomou conta das redes P2P no compartilhamento de dados. E com o tempo até o ruído do modem U.S Robotics de 33kbps deu lugar a outras formas de conexão. Banda larga eu vi nascer como esperança de redenção. Vi também ela ir ficando cada vez mais larga e deixando a gente mais exigente.

As pessoas não acreditam quando digo que sou avesso a tecnologias. Eu tento explicar que é meu ganha pão, até porque faço isso muito bem. Mas gostar pra valer, eu gosto de pensar bobagem, bater papo e beber cerveja. Peguei o começo de tanta coisa, que agora espero a tecnologia criar forma, pra ver se é a minha praia mesmo ou se posso deixar passar batido.

Das redes sociais, sempre tive pé atrás. Acho até que sou anti social demais pra alimentar esse monstro com minha própria carne. Mas isso é pessoal, acho bacana quem tem saco pra aprender e aproveitar essa ferramenta. O problema das redes sociais é que fizeram delas o suprassumo da sociedade moderna, e decadente. As pessoas usam seus perfis como portfólio de personalidade, como se não bastasse o que são de coração, mas a imagem que querem vender. Vale mais o rotulo criado do que o que são de verdade.

Em tempos onde a informação é tão perigosa quanto laminas afiadas. Ter personalidade é quase como polvora. Há quem use pra fazer fogos de artificio, e há quem use pra detonar o canhão.!

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Metralhadora

Das muitas coisas loucas com que sonho, noite dessas sonhei que era perseguido por um maluco com uma metralhadora igual a do Rambo. E eu tentava escapar no meio do transito de uma cidade apocalíptica. Lembrei disso porque me dei conta de que a vida tem sido assim, metralhando informações e conceitos sem o menos pudor sobre nossos olhos e ouvidos indefesos. E quase tudo, enlatado e pronto para o consumo, temperado com muito Pré Conceito.

Podemos dizer que a culpa disso tudo é da mídia, mas seria simplista demais. Não seria exagero generalizar dizendo que todo mundo quer ser um pouquinho formador de opinião. Desde o cara que publica vídeos engraçados no youtube, até o cara que escreve crônicas pra um blog de nome estranho, toda segunda feira. Todos querem super valorizar esse quinhão de idéia que acreditam ser capaz de revolucionar o mundo. Muito bem, muito bom... Não fosse a nossa inegável mania de forçar a barra com conceitos pré fabricados.

Recentemente estive na Argentina e pude comprovar algo que já havia percebido nas outras vezes que estive lá. É inegável a gentileza e a riqueza no tratamento deles para com os brasileiros. E isso me deixa profundamente envergonhado, pelo tratamento grosseiro e preconceituoso que os brasileiros têm com os hermanos. Rivalidade é difícil de explicar e o futebol é algo muito ligado a isso, a rivalidade das equipes, das torcidas. Brasil e Argentina representam um pouco disso sem duvidas. A rivalidade histórica que vai muito alem do futebol, mas como pouca gente sabe de historia, acaba ficando só com a parte do circo, só com a metáfora lúdica.

Mas então, se os hermanos são tão gentis, de onde surgiu essa eterna propaganda de que eles nos odeiam..? Honestamente, não sei, mas ela continua sendo metralhada por todos os lados. E até mesmo quem nunca conheceu um argentino, aceita essa idéia sem nenhum critério.

E estes preconceitos não precisam necessariamente sair das fronteiras do pais. Pois existe também uma idéia errada de quem os gaúchos não gostam dos nordestinos, e que os nordestinos não gostam dos gaúchos. Existe uma idéia equivocada de que os cariocas são todos malandros e que os bahianos são todos preguiçosos. Como se latitude e longitude ou a posição geográfica definisse o caráter das pessoas. Uma imensa bobagem que é vendida, comprada e por fim adotada como regra universal, sem sequer cogitar a possibilidade de engano.

Estive duas vezes em São Paulo este ano e nas duas oportunidades fui passado pra trás pelos taxistas. Que alem de tirar minha grana, eram extremamente mal educados. Curioso, mas nunca tive problemas em nenhuma das vezes em que estive na Argentina. Engraçado, como tenho tantos amigos nordestinos quanto tenho amigos gaúchos. Engraçado como os cariocas que conheço, tem um coração enorme. Engraçado também como, os mesmos amigos paulistas, sempre passam apertos entre os próprios paulistas. E que quem assalta o curitibano, é o próprio curitibano...

Enfim, onde está o erro nesse preconceito todo.???

Vamos jogar então toda culpa na mídia, e deixar que esse preconceito crie raízes. E depois de enraizado, vamos usar esse nosso pequeno espaço como "formadores de opinião", pra metralhar de olhos fechados todas essas idéias mesquinhas, todas essas teorias medonhas. Vamos lá, que essa metralhadora de merda, esta em nossas mãos. Ahhh, vale lembrar que nessa brincadeira, é impossível não se sujar.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Os Maias e as Boas Novas de 2012

Não sei responder quando começa o ano. Se nos primeiros segundos do dia 1º ou na manha que segue. Se no dia 2, 3 ou 4 ou no primeiro dia util. Aqui nessa terra de Cabral, dizem que o ano só começa depois do carnaval, e perdoem o trocadilho, mas tudo soa assim mesmo, uma grande bobagem sem muita graça.

E tudo segue como sempre. Os astrólogos inventando novas conjunções planetárias e interestelares, pra falar de milhões de novas teorias. E pragmáticos predizem o que será do próximo ano, como se fosse possível enxergar com clareza tudo que esta escondido sob a nevoa do futuro. Pré dizer é coisa que encanta muito o ser humano. Não é por nada que Nostradamus faz tanto sucesso, há tanto tempo. Acho que essa, nem ele próprio conseguiu imaginar. E assim todo misticismo envolvendo a troca do calendário, vira um grande mercado de adivinhações. Pai de santo, astrólogo, vidente, tarólogo, xamã, babalorixa, cabalistas, enfim, todo mundo chutando o que vai rolar no ano que nasce, claro, em troca de alguns trocados.

Na rotina diária entra um clima inevitável de festa, que se mistura ao espírito natalino. Que é cada vez mais impregnado de um espírito consumista. Mas essa eu também consigo prever, no próximo ano, seremos ainda mais consumistas, baby. E a parentada se junta e faz de conta que se gosta de verdade. Ficamos então tentando mensurar os sentimentos avaliando o valor do presente que vamos dar ou ganhar. Portanto, se você ganhou um pijama é porque não gostam tanto assim de ti. Mas se você foi o felizardo que ganhou a TV de plasma ou o Ipad, então é porque gostam pra caralho de ti.

No Réveillon começam a pipocar todos os tipos de superstições. E ninguém escapa de se meter numa roupinha branca, nem que seja só pra não destoar do resto do bando. E assim segue uma série de rituais que começam pela escolha da cor da cueca. Afinal, escolher a cor errada da cueca pode arruinar o teu ano todo. Então antes de cometer esse erro fatal, melhor seria não usar cueca. Fato é que ano pós ano desde que se inicia a fase pré adulta da vida, o primeiro dia de Janeiro, esse que no calendário é oficial, 01/01, quase sempre começa com a primeira ressaca do ano. Porque é no ultimo/primeiro dia do ano que se extravasa a tensão dos outros 364 dias passados. E é isso mesmo, final do ano é feito pra isso, pra cometer monumentais exageros. Muita comida, muita bebida e muita grana gasta sem precaução. Nessas horas exageramos até em otimismo, até os pessimistas crônicos conseguem ter alguma esperança de dias melhores.

E esse ciclo segue, sem muitas alterações.

Ops... Perai. No próximo ano não teremos natal, e nem Réveillon. Sim, os Maias, que também gostavam de fazer uma fézinha e apostar no futuro, e que não tinham nada a ver com a economia interna do Pólo Norte. Disseram que o mundo acaba dia 21 de Dezembro desse 2012. Ou seja, sem Natal esse ano. Enfim uma boa noticia...