quinta-feira, 17 de abril de 2014

Ensaios Sobre Viagens no Tempo

Na maioria das vezes, antes de dormir, eu fico pensando nas coisas que preciso fazer. Fico pensando naquilo que eu disse em uma determinada conversa, recriando as falas, inventando diálogos e situações. Sabotador, fico me colocando em xeque pra saber como seria. Às vezes, antes de dormir, eu fico calculando o tempo, mensurando distâncias e testando o limite de tudo que parece ilimitado.

Mas não, dessa vez não pensei em nada disso...

Dessa vez, lembrei-me da primeira vez que te vi, no meio de tantos rostos tão estranhos. E de como fui insolente te pedindo pra ficar.

Algumas vezes antes de dormir, fico pensando nessas teorias de que durante o sono tua 'alma' (ou seja lá o que for) pode sair do corpo, e em universos paralelos, viajar no tempo e espaço, enfim, ir pra qualquer lugar. Eu já me esforcei tanto pra estar em tantos lugares e por tantos motivos.

Mas dessa vez, como ontem e anteontem, eu só queria estar em um lugar, por um único motivo...

Sempre imaginei os sonhos como uma grande colcha de retalhos, que por algum motivo mistura as mais diversas lembranças, desejos e medos. Formando assim uma "pseudo realidade" uniforme e absolutamente confusa. Dia desses sonhei contigo, e me dei conta que tenho ótimas lembranças...

Às vezes exagero... Em quase tudo.! Até sendo mais palhaço que de costume, porque me encanta te ver rir até quase perder o ar. E quase sempre exagero nas lembranças também. Mas realmente me encanta quando o sono começa a apertar, e tua voz vai ficando rouca até mudar de tom no fim das frases.

Pessimista, já me perguntei quanto disso tudo existe realmente e quanto inventei. Como em um quebra-cabeças onde as lacunas são preenchidas com tudo aquilo que parece melhor. Ou como um quadro pintado pela metade, onde as cores podem ou não se completar e dar uma forma consistente. Eu não enxergo muito bem, e ás vezes tudo que é nítido perde o foco. Mas nessas horas lembro do reflexo da luz nos teus óculos e do jeito franzido da tua testa quando sem querer, pisam nos teus calos.

Sabe, eu nem gosto tanto assim rock progressivo. Mas eu gosto de como tu consegue ser o que quer ser, sem se preocupar com os rótulos e os estereótipos. A forma como tu quer abraçar o mundo, sem nunca abrir mão do teu intransponível muro. E é curioso como tu consegue convencer o mundo de que atrás desse muro não existe nada de valor, assim, ninguém se esforça a entrar por simples curiosidade. E por ser quem tu quer ser, acaba em tantos sons, em tantas frequências, que até me encanta o rock progressivo que tu faz.

Acho que no fundo, me encanta também a forma como tu te protege de tudo. Acho que assim um dia eu vou entender se, insolente ou não, eu mereço ficar.


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