segunda-feira, 7 de novembro de 2011

The times they are changin´... Me !!!

Envelhecer é uma tarefa complicada. Inevitável, mas complicada.

Ás vezes penso que sou um revolucionário envelhecido e cansado, tal qual a revolução cubana. Sabe qual o maior problema da revolução cubana..??? Ela ainda não terminou. Nenhuma revolução pode durar 50 anos. A revolução é o ponto de atrito, é a desconstrução pra uma nova construção. Esse processo não pode durar uma vida toda cozinhando em banho maria. Revolução é coisa pra se fazer de pau duro e ninguém consegue uma ereção de 50 anos. A revolução tem data de validade curta, e inevitavelmente, o revolucionário também. Ter mais de 30 anos já não me parece grande coisa, mesmo que há pouco tempo imaginasse coisas diferentes pra mim nessa idade. Imaginava que fisicamente 30 anos pesassem mais do que realmente pesam hoje e até olhava com certa indiferença o fato de que mesmo antes dos 30, alguns pelos brancos insistissem aparecer em minha barba. Envelhecer, definitivamente é uma tarefa complicada, cheia de boas e más surpresas.

Das tantas coisas que o tempo me fez deixar pra traz involuntariamente, estavam lá meu otimismo e minha esperança. Olhando pelo retrovisor, um passado não muito distante, percebo que fui um jovem revolucionário que desconhecia o pessimismo, blindado ao tempo e até certo ponto impedido de envelhecer - Talvez por já ter nascido velho demais. E quando falo de envelhecer não me refiro apenas aos anos que passam. Ao numero sempre crescente de velinhas no bolo de aniversário ou da foto da identidade, que vai perdendo o realismo e amarelando feito uma laranja no pé. Talvez seja essa a ironia da carteira de identidade amadurecendo, conforme nós mesmos deveríamos assumir essa condição de amadurecer.

Mas o tempo é alcalino, enferruja e bla bla bla... Eu já disse isso.

Ainda me assusto quando ouço a idade daquele já tão rodado jogador de futebol no auge dos seus 30 anos, tido como em fim de carreira. Por alguma sorte, minha ou do futebol, não sou jogador. Assim escapo dessa sensação de estar em fim de carreira. Mesmo que em algumas situações meu pessimismo grite mais alto, e sinta alguma falta de esperança com relação ao futuro. Se puder chamar isso de culpa, diria que a culpa dessa falta de esperança vem de uma necessidade de interagir. Minha bipolaridade oscila entre o antisocial e o super social. Mas o tempo me fez evoluir pra um estagio de ser anti-social só com gente chata, gente rasa e sem conteúdo. E assim valorizar a convivência com pessoas que estão no mesmo plano de divagações que eu.

O fato é que encanta-me profundamente conhecer novas mentes, dementes e brilhantes. Esses jovens revolucionários abarrotados de idéias e sonhos, vezes exagerados e vezes ingênuos. Mesmo que às vezes me engane com essas mentes brilhantes, afinal, o diamante e o vidro quebrado se assemelham muito. Consigo assim driblar o envelhecimento. Não consigo fazer mágica com os anos que passam, nem tornar minha figura decadente em um juvenil baby face. Mas consigo nessa interação com jovens mentes revolucionarias, rejuvenescer a minha velha alma revolucionaria.

Para mim é fundamental partilhar desse tesão desmedido que os mais jovens têm; Essa ânsia exagerada de ter tudo que a vida oferece. A ingenuidade de acreditar que não há força maior que a vontade, e que somada a outras vontades, essa força cresce incontrolável. E quando em meio a esse turbilhão de desejo, força e sonhos, há um bom punhado de sensibilidade, somado a capacidade de raciocínio social e critico, eu volto a ter esperança. Essa é a fonte da eterna juventude que encontrei, e sem nenhuma hipocrisia, nenhum falso pudor , ofereço o que tenho de melhor. Porque dessa troca de vivencias me torno uma pessoa melhor.

Aprendi que envelhecer é uma tarefa complicada. Inevitável, e complicada. Mas que é possível rejuvenescer dia a dia novas revoluções. Seja na busca de um novo verso pra um poema, ou de novos acordes pra uma velha canção. Sou sim um barril furado vazando desmedida toda minha esperança. Mas isso não quer dizer que deixarei de buscar formas de abastecer novamente esse barril. Hoje me esbaldo nessa convivencia harmoniosa entre jovens amigos, alguns deles, até mais velhos que eu. Afinal, não somos a revolução cubana em banho maria, somos todas as revoluções e insanidades do mundo e sem data de valiade. Pacientes como velhos e com o tesão de adolescentes.

Um comentário:

  1. Já havia ouvido alguns integrates do P.P.4 falarem que já estavam enferrujados para fazer música. Mas a cada sábado que passa eu me surpreendo com a energia que eles passam, e a felicidade soando em cada batida, nota ou refrão.
    Acho que sou muito novo pra falar disso, mas acho que ninguém é velho demais pra fazer alguma coisa.

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