quarta-feira, 27 de julho de 2011

Que Dia é Hoje..??? Tanto Faz.

Não comemorei o dia do Rock e não foi porque não gosto de Rock, mas há em mim algum pessimismo que me faz descrente em relação a datas comemorativas. Pra ser direto, não gosto de datas comemorativas. Talvez exista uma explicação pra tudo isso nos distantes dias de minha infância. Nascer no dia das crianças talvez possa parecer divertido pra algumas pessoas, pra uma criança é um tanto quanto frustrante. Apesar de fazer piada com isso hoje em dia, demorei a entender o motivo de todas as crianças da rua ganharem presentes no dia do meu aniversário, mas eu não ganhar presente no dia do aniversário delas. Hoje em dia acho bacana não precisar trabalhar no dia do meu aniversário, mas quando era criança, queria estar na escola pra receber o cumprimentos de todo mundo. Achava legal quando a professora pedia que ficássemos em pé pra cantar os parabéns pra algum colega. Mas eu nunca fui o alvo desse coro de parabéns. No dia 13 ou no dia 11, ninguém lembrava.

Dia dos pais sempre foi um pouco estranho pra mim. Não só o dia exatamente, mas as prévias dessa data também. Na escola era uma época em que rolavam sempre apresentações dos alunos para os pais, até mesmo nas aulas de Educação Artística, éramos obrigados a fazer algum artesanato para presentear nossos progenitores. Mas duas coisas me deixavam absolutamente irritado com isso. A primeira, a minha total falta de habilidade com artesanatos. A segunda e talvez crucial, eu não tinha o que fazer com o tal artesanato de dia dos pais. Não morava com meu pai e não tinha nenhum contato com ele. Diziam pra entregar pra minha mãe e era o que eu fazia, mas, geralmente o objeto artesanalmente produzido nada serviria pra uma mãe. Alem do mais, ela já tinha recebido o artesanato dela de dia das mães. Por isso dia dos pais, o famoso segundo domingo de agosto, pra mim não representava nada alem de um domingo muito chato pra ver TV.

Talvez a escola represente 90% da vida social de qualquer criança. E por isso é nela que se formam muitos dos conceitos de certo e errado, muitas manias e hábitos e de certo muitos traumas. O 7 de Setembro não é um trauma pra mim, de forma alguma, mas também não representa nada muito agradável. Hoje em dia me alegra o fato de ser feriado e por tal tenho o dia livre. Quando criança era feriado, mas o dia livre começava normalmente cedo, já que era obrigação de todos os alunos de ir até a Avenida 7 de Setembro pra assistir o desfile de, 7 de Setembro. Não tenho más lembranças dessa época, gostava de ver o desfile. Gostava também do chapeuzinho verde que as professoras ensinavam a gente fazer, numa alusão ao "marcha soldado cabeça de papel".

E assim seguia o calendário com varias outras datas de menor importância, e digo isso, menor importância unicamente pelo tom de feriado nacional ou não feriado nacional. Dia do índio todo mundo se vestia de índio, dia da arvore todo mundo ganhava uma arvore pra plantar. Dia dos namorados não era significante naquela época. Mas em resumo, as datas comemorativas eram muito ligadas a vida escolar, talvez numa tentativa de fazer valer o real motivo da data e incrustar isso no caráter da molecada. Coisas como, o dia do índio serve pra lembrar dos índios que morreram durante a colonização, no dia da arvore, lembramos a importância das arvores, essas coisas que hoje parecem bobagem mas que são conceitos importantes a serem passados as crianças.

Algumas datas tinham um apelo mais intenso, eram essas as de cunho religioso. A páscoa da escola era a do coelhinho e dos ovos de chocolate. A páscoa de casa era a de ir na missa e de entrar num processo meio louco de jejum e não jejum. O que mais me atormentava na páscoa era a encenação da paixão de cristo que faziam pela rua. Nunca fui seguindo aquelas pessoas e quando o "cortejo" passava pela minha casa eu me escondia. Era um clima tenso que me deixava com muito medo. Não sei explicar o que rolava na época, hoje vejo como uma grande bobagem celebrar a crueldade, repetindo a crueldade. Seja ela verdadeira ou não.

Mas todo ano terminam sempre com um gran finale, dois feriados em duas semanas, Natal e Ano Novo. Pra mim sempre foram um pé no saco. Ok, eu curtia ganhar presentes de natal, mas as circunstancias pra isso eram sempre muito complicadas. Sempre morei com minha mãe e meus avos e como todo mundo sabe, casa de avos é o centro do universo familiar no Natal/Ano Novo. Isso quer dizer que minha casa era o centro de convenções escolhido pra reunião de uma imensa família composta de tios, tias e primos. Tudo começava errado pra mim, já que minha cama era a primeira a ser destituída pra algum visitante. Visita dorme na cama, eu no chão. E não quero parecer egoísta com tudo isso, mas, crianças têm um tom muito pessoal com seus brinquedos, porque sabem da dificuldade de consegui-los. E os brinquedos deixavam de ser os meus, passavam a ser brinquedos da casa da vó, ou seja, pertenciam a todo mundo. Sim, sou um comunista e não ligo pra isso hoje em dia, mas na época eu me irritava profundamente em ver meus primos destruindo os meus brinquedos sem o menor pudor. Na realidade o Natal e o Ano Novo eram pra mim um momento de destituição de todos os meus direitos habituais. Coisas simples como comer sentado a mesa, passavam a ser privilegio de adulto. Criança come em qualquer lugar. Usar o banheiro também, sempre a prioridade é das visitas. Quando tudo terminava e as visitas partiam para seus lares, restava sempre uma imensa bagunça e um tom melancólico no ar.

Quando disse que não comemorei o dia do Rock, talvez alguém tenha pensado que tipo de reacionário eu sou. Mas nessa luta pessoal pelo desapego a tudo que é inútil, tudo que só serve pra nos rotular socialmente ou nos prender a hábitos de mercado. Não comemoro dia de nada e faço questão de evitar trocas de presentes com data marcada. Presente legal é aquele que chega desinteressado e de surpresa. Mais que isso, os melhores normalmente não vem em caixas embrulhadas com papel de presente.

2 comentários:

  1. Um abraço vale mais que uma simples caixa envolta em um lindo laço vermelho !

    ResponderExcluir
  2. Concordo com o efeito das datas comemorativas, mas não devemos esquecer que praticamente todas tem somente o apelo comercial atualmente, não me importo muito com elas também, a não ser uma data em especial, meu aniversário, pois é meu dia, esse faço questão de não trabalhar, curtir ele mesmo, pois tenho 364 dias para qualquer outra coisa, e só um dia pra chamar de meu.
    Realmente não é o presente que faz a diferença, mas sempre é bem vindo!!!

    ResponderExcluir