segunda-feira, 11 de julho de 2011

Paradigmas da Sociedade Moderna, Salve-se Quem Puder!

A revolução francesa mudou o mundo, isso a gente aprende na escola. Quem frequentou esse lugar santo por algum motivo, alem da merenda ou do papo furado com os colegas, sabe do que se trata. Foi o fim de um período obscuro, a queda da monarquia e o enfraquecimento do clero. O inicio de novos tempos. A frase de Jean-Jacques Rousseau, "Liberté, Egalité, Fraternité" (Liberdade, Igualdade e Fraternidade) ecoava entre o povo oprimido, que ansiava pelo fim da servidão, do corpo e da mente. Ninguém usa camisetas do Jean-Jacques Rousseau, mas usam camisetas do Renato Russo, que só é russo, por causa do Rousseau.

Eu tenho uma camiseta do Che Guevara, mas muita gente tem camisetas do Che Guevara. O que pouca gente sabe, é que em 1959, as tropas guerrilheiras de Fidel Castro, Ernesto e Camilo Cienfuegos, conseguiram por fim derrubar o governo omisso e corrupto de Fulgencio Batista. Instituíram uma ditadura militar, sim, sobre outra ditadura militar. A ditadura de Fulgencio beneficiava os ricos e prostituia Cuba aos prazeres estadosunidenses. A ditadura de Fidel matou a fome do povo, educou e cuidou dos doentes. Che era médico, argentino, morreu na Bolivia lutando pela liberdade de um povo que não era o seu. Ao inferno com essa de patriotismo, opressão, fome e violência não têm pátria, assim como o direito a liberdade. Che tem uma legião de seguidores, com camisetas e frases feitas, mas os seus idéias ficam na maioria das vezes, em alguma gaveta empoeirada.

Não quero falar de história, por isso a superficialidade na narrativa dos fatos. A intenção é somente usar o exemplo.

Usar uma camiseta do Che pode ser tão mentiroso quanto usar uma camiseta do Pink Floyd, sem saber quem foi Syd Barrett. Assim como pode ser mentiroso cantar Sociedade Alternativa, a todo pulmão, logo depois de usar um falso poder a fim de oprimir uma minoria. Fico meio de saco cheio, quando ouço pessoas que se apóiam em discursos de idéias que não seguem. Repetindo como papagaios teorias e divagações pré fabricadas, que na grande maioria das vezes, sequer fazem idéia do que realmente se trata. Fico angustiado como as pessoas se prendem a rótulos. Seja rotulando as pessoas que estão a sua volta, seja se auto rotulando. Ultimamente tenho visto uma insistência em repetir a pratica do desapego, que é tão mentirosa que me faz perder um pouco da esperança na capacidade de auto critica, e de bom senso de algumas pessoas.

A revolução industrial mecanizou a manufatura. Mas em que ponto da história o ser humano foi mecanizado? Será que é esperar demais das pessoas, bom senso e sensibilidade para raciocinar??? Não deveria ser. Mas talvez seja preciosismo da minha parte.

Mas minha irritação não tem fim. Todo dia vejo isso: A moda, a sociedade, os padrões, as opiniões mesquinhas rotulando as pessoas. Um cara usa um Kilt, sem saber qual é a diferença de um escocês, de um bretão e de um irlandês. Não faz a menor idéia da importância tribal de um tartan, mas usa orgulhoso o seu kilt. Com o único objetivo de chamar a atenção. Uma guria com a maior pinta de riponga fica tirando onda numa vida anos 60. Tudo muito bom, tudo muito bem, não fosse a total incapacidade que ela tem de viver em sociedade pacificamente. Não tem problema, o que vale é a imagem que tá sendo vendida. Lennon cantava Imagine, pregava uma vida pacifica e simples. Longe dos holofotes, gastava mais de 5 mil dólares por dia com heroína, e batia na mulher.

Tanto faz, o importante é manter uma imagem. Seja popular, dizem os enlatados americanos. Seja Nerd, dizem os seriados da TV. Um saco... Lá do outro lado um cara recita sempre o mesmo trecho de um livro do Dostoievski, e nem é porque ele gosta de Dostoievski, mas ele acha que faz uma moral do caralho recitando o único trecho, do único livro que ele leu. Pra garantir em sua testa o carimbo "Cult", fala de Descartes como se fossem íntimos de uma vida toda. Colecionando frases feitas e de impacto. Assim como eu colecionava latinhas de cerveja quando criança; Vazias, sem conteúdo. Bebidas por alguém que, não era eu.

Enfim, to cansado desse papo furado. Vou me fechar um pouco nesse mundo bonito que criei na minha cabeça. Garantirei minha segurança, cerca elétrica e cachorro bravo. Fuck Off pra essa gente escrota, à la puta madre de mierda pra estes rotulados mesquinos e mediocres.
E só pra quebrar minhas proprias teorias sobre frases feitas;

"Let it Be" diria Paul, o bom moço. Que tem o triste defeito de achar que é o ultimo Beatle vivo. "Fé cega e pé atrás", diria Gessinger, que tem o triste defeito de achar que é o ultimo engenheiro hawaiiano vivo.

3 comentários:

  1. apesar de toda a hipocrisia das pessoas, talvez o uso de algumas camisas de che, mesmo sem saber o significado, seja o inicio que uma quase revolução...

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  2. Há algum tempo venho lendo seus textos.
    Gosto da forma que você expõe seus pensamentos.

    Seus textos são ótimos!!!

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  3. Rafa, até que ponto quase revoluções valem a pena.??? Mas, eu adorei o trocadilho. hehehe

    Ana, Obrigado, volte sempre.

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