segunda-feira, 4 de julho de 2011

E Agora Darwin..???

Eu nasci no século passado, e mais que isso, cheguei a maioridade no século passado. Sei de coisas que só sabe quem nasceu na mesma época que eu. Eu vi um pogobol pessoalmente. Não que isso seja uma grande vantagem, mas, só viu um quem assim como eu, nasceu no século passado. Eu via ursinhos gummy na TV e pedia comandos em ação de aniversário. Não é grande coisa, mas, eu estava lá. Não quero de forma alguma parecer arrogante contando de coisas que nem tenho como provar, afinal de contas, muita gente pode se perguntar que diabos é um pogobol.

Ainda que hoje eu conte com certo orgulho das coisas do meu tempo, as coisas das quais eu mais me orgulho, definitivamente vieram muito antes de mim. Guitarras elétricas e bumbo duplo são como coração batendo e o sangue percorrendo cada milímetro do corpo. Rock n Roll não é do meu tempo, quando nasci a onda era a discoteca. Madonna e Michael Jackson eram os reis do pop. Eu que sempre fui torto, escolhi uma fita do Elvis. Tutty frutty era muito mais interessante que Thriller. Quando eu nasci, os heróis do Cazuza já tinham morrido de overdose há tempos. Acabei encarnando com o único que ainda era vivo, Raulzito. E com um violãozinho sem cordas, eu ensaiava um "mamãe não quero ser prefeito", que fazia mais sentido que um dançante "no se reprima". Azar o meu, que lembro da noticia da morte do Raul, no longínquo ano de 89. Mas eu não sacava das coisas, e no ano seguinte tinha copa do mundo, e não que o futebol fosse uma paixão, mas, as figurinhas da copa do mundo que vinham no chicletes ping pong, eram.

Pensando bem, que sorte não ter nascido em tempos de funk carioca e sertanejo universitário. Que afinal de contas, é universitário por que.? Se o sertanejo é universitário, o meu velho e demente rock n roll é PHD, é doutor, mestre Jedi.

Mas voltando ao centro da questão, que é a evolução das espécies. E dos distantes anos 80 da minha tenra infância, vou mencionar situações que destoam da infância de louça das crianças desse século.

Antes de completar 10 anos, eu já tinha acumulado mais de 10 tombos de bicicleta. Afinal, aprender a andar de bicicleta era uma grande aventura, ainda não tinha essa onda de rodinhas. A pratica era simples, ou anda ou cai. Eu caia, muito. Nunca quebrei nada, e só passei uma noite no hospital. Antes de completar 10 anos, eu já tinha um canivete, e ele era fundamental pra abrir bombinhas e tirar a pólvora. Eu pisei em pregos pelo menos umas 5 vezes, talvez mais. Martelo, serrote e pregos eram muito úteis, não eram brinquedo, mas faziam brinquedos. Nenhum adulto ajudava a fazer casas nas arvores, a gente se virava. E se a casa caísse, a culpa era absolutamente nossa. Fazer uma fogueira era tão corriqueiro que nem tinha graça. Jogar bola descalço num campinho de terra ou jogar bets no meio da rua era programa certo nos dias de verão. Caçar e pescar não soava como coisa de índio, soava como coisa de um baita fim de semana. Era assim na minha infância, e era assim a infância de quase todo mundo que nasceu no século passado. E acreditem, estamos vivos.

Antes que eu perca de vez o rumo dessa conversa, vou explicar o que isso tem a ver com Darwin e a evolução das espécies.

A Teoria da evolução das espécies de Darwin diz que na natureza, só sobrevive o mais forte. A grosso modo, quer dizer que a espécie menos preparada para as dificuldades do mundo, não perpetua. Os seres humanos se diferenciam dos outros animais, por um polegar e uma serie de conjunções neurais, que dizem, nos torna mais inteligentes. Deve ser verdade, já que ainda não fomos extintos. Mas as novas gerações caminham inevitavelmente para um caminho obscuro e perigoso. Tudo porque no meio do caminho, alguém inventou uma história de que as crianças precisam de super proteção. E a partir disso, os brinquedos passaram a ser super seguros, as brincadeiras precisam ser mais seguras ainda. As crianças causam menos problemas aos pais jogando futebol no vídeo game, do que num campinho de terra em algum lugar qualquer. No campinho, elas podem se machucar, me diria alguma mãe amarga. Pescar e caçar são ecologicamente incorretos. E acabou a festa.

As crianças de hoje crescem num mundo cada vez mais perigoso, e por isso crescem numa redoma de vidro que as impede de aprender a conviver com estes perigos. As crianças são frágeis, física e emocionalmente. Tem dificuldade de relacionamento e de comunicação. Não sabem superar adversidades com naturalidade, a super proteção impede que criem casca, e por isso, crescem sem nunca sair desse casulo invisível criado por estes pais medíocres que não imaginam que um dia, essas crianças serão os adultos que tomarão as rédeas do mundo. Ou seja, o mundo em que vivemos, estará sob o comando de um bando de bananas de pijamas. Crianças grandes, de fina porcelana. Capazes de ter idéias geniais, mas frágeis como casca de ovo.

E isso quer dizer que, alguém quer mesmo derrubar Darwin e sua teoria, ou estamos no inevitável caminho da extinção.

Um comentário:

  1. Acredito q ainda a algo em comum no modo como os pais criam seus filhos hoje com o século passado. O fato de “” aja como queremos e terá sua recompensa’’’. P ara mim só mudou a recompensa q antes era não ficar de castigo, ou Papai Noel te trazer presentes no Natal, hj é ganhar algumas horas a + na internet e coisas do gênero......
    Obs. Não quero recompensa !!! Somente comentei por comentar...

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