terça-feira, 17 de maio de 2011

Coisas Importantes a Dizer

Com um pedaço de papel, uma pagina sem pautas e uma caneta azul. Fazia pontinhos no rodapé da pagina, esperando talvez que a caneta cuspisse alguma coisa, algumas palavras, quaisquer fossem. Nada alem de pontinhos. Nem pingos de i, nem tremas. Nem reticências nem ponto final. Era o silencio da caneta, que também resolveu me abandonar por um tempo.

Há uma porção de coisas em algum caderno. Textos que escrevi como quem cria um combustível capaz de incinerar o mundo todo de uma só vez. Textos que não saíram do papel por um único motivo: Lá, eles têm o mesmo significado que aqui. E de certo se o texto causa algum desconforto, e se foi escrito é por que causa mesmo alguma emoção que não queira ser lembrada por hora.? Positiva ou negativa tanto faz, qualquer sentimento vale. Mas, reviver alguns é sadomasoquismo. O papel aceita tudo, diz o ditado, hoje eu queria ter ao menos uma boa mentira pra contar a estes papeis.

Há também os txt. Desses tantos documentos de texto, abertos no bloco de notas do windows. Mais uma porção de coisas escritas pela urgência de esvaziar mais que os pulmões. Sem os tradicionais rabiscos nas bordas da pagina, que acompanham os textos em papel. Eles parecem menos humanos, menos reais até. Poderia ser um Ctrl+C Ctrl+V qualquer, ou um anexo de algum e-mail perdido, ou que a memória não ajuda a identificar. Talvez até alguma das "cartas" que são escritas pra outro destinatário, mas que felizmente acabam na minha tela, pra uma "revisão" de tudo que é possível sentir. E como é bom poder compartilhar disso, quando o papel já aceitou nossa história, e ainda assim a gente precisa se convencer de que, cada palavra carrega uma certeza inegável. Não fosse a métrica dos versos, talvez nunca soubesse a origem. Mas quem mais se preocupa com versos.?

Enfim, com ou sem pauta. Em papel, plasma ou pedra. Nenhuma palavra parece ter encaixe perfeito nestes últimos dias. Seja qualquer a fonte que use, ou a cor da caneta. Nenhuma frase parece dançar em compasso com outra frase, e por isso elas simplesmente ficam assim, desalinhadas, sem movimento e sem vida.

Pensei então, num ultimo impulso de forçar a barra. Afinal, o nascimento de qualquer criatura é precedido pelo esforço do parto. Mas, a tentativa falha, barrou na única frase que realmente fazia algum sentido no meio de tantos pensamentos flutuantes. O que eu tenho de tão importante pra dizer agora.???

Palavras soltas... Saudades, Fome, Tédio, paciência... Silencio..... Humm... Acho que nada de muito importante.

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