quinta-feira, 9 de junho de 2011

A televisao me deixou burro demais... Mas eu tinha um 3em1...

Quando eu era criança, na rua em que eu morava, tinha uma família que não tinha TV em casa. Não tinha nenhuma relação com grana, eram comerciantes, tinham carro e uma casa bonita. Eram evangélicos, e a igreja não permitia, ou desaconselhava que tivessem TV em casa. Os filhos dessa família tinham praticamente a mesma idade que os outros guris da rua, éramos todos amigos. E vez ou outra gente se reunia na casa de alguém, quase sempre pelo vídeo game novo do vizinho mais sortudo. E era impressionante o fascínio que a TV fazia sobre aqueles guris.

Na minha casa também tinha TV, e tinha até um vídeo game Atari. E eu me lembro do quanto isso era importante. a vida parecia incondicionalmente ligada a esses aparelhos. Chegar em casa da escola e ligar a TV pra almoçar vendo os últimos desenhos da manha. Terminar o tema de casa, pra ganhar 1 hora cronometrada de vídeo game. Esperar a sessão da tarde, e sempre voltar pra casa antes de terminar a novela das 8. E em algumas raras vezes, aguentar o sono pra assistir o super filme que passava depois da novela. Ainda tinha o aparelho 3 em 1 da minha mãe, em que eu passava horas ouvindo discos, ou gravando coletâneas em fitas K7. A vida parecia tão doce, assim, desse jeitinho. Mas, sem TV, era impossível sobreviver.

Alguns anos se passaram desde os dias em que aposentamos aquela TV com caixa de madeira envernizada. Aposentei também o Atari e o Mega Drive que veio depois. Vieram os computadores, os jogos com teclado e mouse, a internet e as musicas MP3. O DVD aposentou o velho vídeo cassete de 4 cabeças, e o jogos de futebol agora eram ouvidos por uma radio digital, na internet. Os filmes chegavam a disposição do usuário, antes de chegar na locadora. Os computadores diminuíram, ficaram portáteis. Diminuíram mais e cabiam no bolso. A informação te seguia, você querendo ou não.

Não sei por onde anda aquela família que morava na mesma rua da minha infância, talvez continue lá. Não sei se compraram uma TV, ou se caíram nessa tentação de tecnologias. Aqui, eu me rendo a tudo isso, celulares, internet e informações em nuvem. Na minha casa tem uma TV bem legal, que honestamente, não faz a menor falta. Não vejo mais os desenhos antes do almoço, nem os filmes de tarde. Não sei o que se passa nas novelas, nem quem são os apresentadores do Jornal Nacional e do Fantástico. Duas vezes por semana, assumo o controle remoto pra assistir uma partida de futebol, afinal, esse é um vicio que transcende a tecnologia. Dia desses visitando a minha mãe, me dei conta que o jogo não passaria na TV aberta. Liguei então aquele velho 3 em 1, o mesmo da minha infância. Sintonizei uma radio AM e fiquei lá torcendo e me contorcendo pra ouvir alguma coisa no meio do chiado. Naquela tarde, a vida foi doce de novo, e no velho 3 em 1 da minha mãe, o jogo terminou 3x1.

Um comentário:

  1. é meu, a vida passa e agnt nem vê. por isso as vezes eh bom ser meio apegado as coisas 'velhas', ao windows xp e ao winamp, afinal, não são as coisas que nos prendem, mas oque agnt conseguia alcançar usando estas coisas.

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