segunda-feira, 13 de junho de 2011

Recordar é viver, esquecer, é viver melhor...

Admiro quem consegue levar ao pé da letra essa coisa de memória seletiva. Admiro num ponto critico de quase invejar. Já tentei até, e às vezes faço de conta que consigo. Às vezes faço de conta tão bem, que quase acredito que consigo. Mas minha memória é cruel, se ela fosse uma criatura, de personalidade definida, seria algo entre o Coringa e um Tiranossauro Rex. Minha memória é tão filha da puta, que fica zoando comigo em tempo integral. Esconde o que eu quero lembrar, e fica tirando da gaveta as merdas que eu quero esquecer.

Quando eu mostro pra alguém os poderes mágicos do meu banco de dados mental, a parada fica estranha de vez. Porque em alguns casos, a lembrança é tão clara pra mim, tão viva e cheia de detalhes, que falar sobre elas soa natural como lembrar do ultimo fim de semana. Mesmo quando o ultimo fim de semana já passou há mais de 10 anos. É inevitável que a vitima ouça essa história como uma grande ficção da minha cabeça perversa. Mas, na maioria das vezes não é.

Ou isso, ou uma esquizofrenia não diagnosticada. Não, não creio.

Dia desses numa quase conversa de mesa de bar, alguém me disse pra esquecer. E realmente, a razão estava completa e quase se materializando ali do outro lado da mesa. Mas, minha sina é lembrar, esquecer é uma dádiva que acompanha poucos. A ironia daquela conversa, talvez fosse a sina compartilhada. Um se agarrando em detalhes incríveis de lembranças que, definitivamente, não faziam muito sentido. E atrás do vidro, do outro copo, o outro lutando inutilmente pra esquecer. A luta que não cessa, que cansa, mas definitivamente nunca termina.

Havia sim, vidros, nessa quase mesa de bar. Não vamos insistir nessa de esquizofrenia, ok.? Talvez não fossem copos. Enfim...

Mas eu tenho que admitir uma coisa, minha memória é foda. Eu posso não lembrar as letras das músicas na hora que me pedem pra cantar. Mas eu me lembro de coisas absurdas, de muito tempo. Certa vez comecei a escrever um livro de memórias, e a primeira era realmente, a primeira. Uma parada que aconteceu comigo quando era muito criança. Mas eu era tão criança que até minha mãe duvidou que eu lembrasse mesmo daquilo. Credibilidade de mãe não se põe a prova. Desisti do livro de memórias, logo na primeira.

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