segunda-feira, 20 de junho de 2011

Escrever, ou fazer pão. Eis a questão.

Quanto mais complexo o assunto, mas difícil começar. São muitas expressões não racionais, tantas sensações e idéias. E isso na maioria das vezes exige muito cuidado na hora de escrever. Dia desses encontrei em uma pasta de um backup, arquivos antigos, cartas e divagações. E apesar de não curtir nada de estatísticas, é impossível evitar a comparação do ontem com o hoje. Sinto falta de tantas coisas, mas definitivamente, não penso mais como antes. Ter que procurar uma explicação pra isso tudo, soa tão fora do eixo, tão absurdo. Às vezes pode ser mesmo melhor deixar pra lá, quando o assunto rasga a carne pra virar texto.

Eu acho bonito o "tempo certo para tudo" que acaba rolando comigo às vezes. E ao mesmo tempo me espanta a urgência, a pressa que tenho por algumas coisas. Demorei 28 anos pra aprender a gostar de Rolling Stones, mas em apenas 5 dias, decidi qual seria a melhor guitarra pra mim. Tenho paciência pra esperar 40 dias pra um cerveja ficar pronta, mas fico de saco cheio em esperar a água do chimarrão esquentar. Nunca respeitei regras cronológicas, fui mais adulto com 16 anos do que aos 22. Fui mais criança aos 28 do que aos 11. Sempre alternei as leituras, de José de Alencar a Stan Lee. Padrão literário é uma frivolidade mesmo. Comecei a ouvir Ramones muito depois de ouvir Pink Floyd, e isso parece bobagem mas, sinceramente eu não entendia Ramones aos 15. Nessa idade eu curtia muito mais o som da maquina de escrever do que de qualquer instrumento. Um bobo ou um inocente, esse era eu.

Talvez o bobo inocente tenha criado casca. Barbas e experiências por certo vieram. Em momentos, criou tanta casca que se isolou do mundo, por algum tempo, isolado da realidade, olhou mais pra dentro que pra fora. No fim das contas, uma experiência fundamental. Mas eu ainda não tenho todas as respostas. Tenho duvidas até com relação as perguntas que faço. Minha falta de fé é consciente e minhas ideologias fundamentadas, e quase sempre tenho segurança em defende-las. E ainda que tenha alguma pratica literária, desde a velha maquina de escrever Olivetti, passando por cadernos e grafites até os documentos txt, com sua cru simplicidade. Definitivamente, alguns assuntos são difíceis de verbalizar, e a tentativa chega ao limite da crueldade.

E esse texto começou como mais uma tentativa de dizer algo, que, nem de perto foi dito. Mil voltas no mesmo assunto, pisando em ovos em cada metáfora, e nem assim deu certo. Por isso talvez não abra mão dos versos de duplo, triplo e quádruplo sentido. Talvez seja mentira que o papel aceita tudo, talvez até aceite, mas não de graça. E no final, o preço pode ser caro demais.

Dia desses me arrisquei a fazer pão, com o bagaço do malte da cerveja. E cheguei a conclusão que, escrever não é como fazer pão. Pra fazer pão, é preciso talento.

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