domingo, 5 de maio de 2013

Desistir ou Não.?

Dia desses me perguntaram se eu já tinha pensado em desistir. A pergunta tinha um foco que não merece atenção agora, mas enfim, na hora respondi que não. Realmente não havia pensado em desistir.

Mas pensar em desistir é orgânico e elemental. É o paradoxo daquilo que te faz dar o próximo passo. Ninguém atravessa o rio se já sabe o que tem do outro lado. E tendo decidido atravessar, pensar em desistir é fundamental pra mensurar a necessidade de saber o que há do outro lado. Porque essencialmente cruzar o rio nem sempre é uma obrigação e nem sempre vai valer a pena.

Quando pensei em desistir da faculdade de Geografia, fiz uma das grandes escolhas da minha vida. Eu imaginava que ser professor seria do caralho. Ter nas mãos uma porção de mentes jovens abertas pra que eu pudesse subvertê-las de forma positiva. Errado, não era disso que eu precisava. Eu escolhi certo quando decidi me dedicar a uma carreira profissional estável, que por bem ou por mal, me rende frutos até hoje. E que nos últimos anos me proporcionou a vivência que tenho hoje e francamente, apesar dos pesares, me orgulho muito de ser quem eu sou.

Naquele momento o julgamento de certo ou errado era mais simples do que mensurar o futuro todo. Obviamente se eu soubesse que seria assim, não teria esquentado tanto a cabeça na hora de decidir se deveria desistir ou não. Mas na época era só um cara jovem que precisava de grana. Escolhi a grana e deixei de lado as futuras mentes prontas pra minha subversão. Ponto pra mim.!

Hoje é mais fácil entender que pensar em desistir é aquilo que te move a avaliar se o caminho escolhido é o certo. Se tu nunca pensar em desistir, acaba ligando o piloto automático pra varias coisas importantes. Coisas que deveriam passar por uma avaliação mais severa. A vida não da muito espaço pra que a gente cometa erros, mas também não é tão madrasta que não nos permita pequenas correções de rota.

Pensei nisso quando vi uma guria bonita usando uma camiseta com a frase "Nunca desista". Gurias bonitas me chamam mais atenção do que frases em camisetas, mas essa me fez pensar em uma intervenção metafórica, "Hey, desista, tem coisas que não valem a pena". Nesses dias de turbulência alguém me diria que isso é meu suprassumo derrotista. E eu como bom teimoso diria que é meu suprassumo coerente. Porque realmente na vida a gente vai se encontrar varias vezes no meio de um caminho que não vai levar à lugar nenhum. Por isso, mesmo que voltar seja meio bobo e cansativo, seguir adiante pode ser ainda pior.

Lembro de um dia em que alguém me pediu com uma voz cansada e rouca, dessas que precede o sono. "Todo mundo sempre desiste. Não desista de mim" ela disse. Eu num fôlego de coração apertado prometi nunca desistir...

Não acho que seja hora de mensurar se vale a pena ou não atravessar esse rio. A correnteza é tão encantadora quanto a margem do outro lado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário