terça-feira, 27 de março de 2012

Muito Alem do Muro

Roger Waters...

Domingo. 25 de Março de 2012. Estádio Beira Rio.

11:00hs da manha de um domingo ensolarado...

Não moro em Porto Alegre mas guardo boas recordações dessa cidade que não parece com qualquer outra cidade. Digo que, sempre me causa boas impressões. Justamente por não conhecer a cidade, rumei ao estádio Beira Rio logo cedo. Por um afobamento inexplicável, antes das 12hs já estava na fila. Portões abertos às 17hs como previsto. Fila segue, tudo como previsto. Rumo ao palco, rumo a grade. Menos de 10m separavam o microfone no palco do cansado e agora bronzeado espectador.

Pequenos inconvenientes...

Lentamente foi se espalhando a informação de que, por conta das obras do estádio Beira Rio, pessoas que compraram ingresso para o setor de cadeiras estavam recebendo pulseiras pra ir pra área de pista. Sim, aconteceu, jogo sujo com quem se esforçou pra comprar um ingresso melhor.

O horário marcado para iniciar o show não foi cumprido. Pelos alto falantes a explicação de que haveria um atraso por conta do grande numero de pessoas do lado de fora. As informações extra oficiais davam conta de um grande numero de catracas com defeito na hora de validar o ingresso. Outra reclamação comentada foi a lentidão do transito nas imediações do estádio.

Pra mim, um inevitável regozijo de quem encarou sol e longas horas de espera. Mas não passou por nenhum problema.!

O Show...

Enfim com mais de 40 minutos de atraso, um anuncio de que fotos com flash deveriam ser evitadas, pois não captariam as imagens do imenso muro. In the Flesh? começa a tocar em meio a fogos de artifício. Não parecia de verdade que aquela fita VHS que eu assistia quando era guri, tomava aquelas proporções. As projeções realmente criavam um universo paralelo muito especial, em torno da genialidade musical do disco de capa dupla e do filme. No palco Roger Waters não era um músico do Pink Floyd, não era apenas o mito que comandou durante anos a maior banda de rock progressivo de todos os tempos. Roger era um ator representando todos os demônios daquele atormentado personagem.


O primeiro ato do show se desenhava exatamente como no lendário filme. O atormentado Pink crescendo alimentado por medos e fantasmas. E a cada música o muro ganhava novos tijolos, até que se encerrava com o ultimo tijolo em Goodbye Cruel World.

Um intervalo de 20 minutos pra respirar... Era mesmo necessário. Não é possível deixar de associar os fantasmas de Pink, o personagem do filme, com os pesadelos que cada um. Esses demônios que nos fazem realmente criar muros, ou casulos, dependendo da proporção da fera.

Hey You abre o segundo ato do show. No palco, Roger encarna definitivamente o personagem cada vez mais envolto em seus medos. Trancado dentro de seu muro. A critica social do show contrasta uma multidão de capitalistas, todos nós. Tijolos do mesmo muro, porcos amontoados diante de um ditador intolerante. E assim, somos metralhados enquanto o porco inflável sobrevoa o publico. O Gran finale se aproxima, o publico pede a queda do muro... E assim se faz.

A sensação de ter vivido uma vida toda em menos de duas horas é intensa. Vitimas de guerra, vitimas do capitalismo, e nós as vitimas do nosso próprio egoísmo. Trancados e confortavelmente anestesiados dentro de nossos muros. Teremos força pra derrubar estes muros também..???






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