segunda-feira, 2 de abril de 2012

Minha "quase" Revolução Cervejeira

Quase fui geógrafo, por uma frustração com a oceanografia. Na verdade queria oceanografia porque em um dos filmes do Jacques Cousteau, (dos que passavam na sessão da tarde era um dos meus preferidos), alguém dizia que o homem sabe mais sobre o universo, que sabe sobre o fundo do mar. Naquele tempo decidi que queria ser astronauta do fundo do mar. Sonho que terminou num vestibular frustrado, muita nota e pouca atenção. Uma prova sem assinatura invalida o gabarito diziam eles. Enfim, astronauta do fundo do mar era mesmo um exagero de quem ainda tem pânico de água.

Sempre gostei de história, mas não era esse o curso. Tentei jornalismo por birra. E numa metódica tentativa de ironizar a oceanografia, tentei geografia. Mas minha paciência tava longe de ser rocha basáltica ou calcaria. Eu desisti da geografia também. Nessa época era mais importante subir degraus na carreira profissional e pela situação do momento não era possível conciliar trabalho e faculdade. Há quem diga que a culpa foi do bar do Padilha, que ficava ao lado da faculdade. Eu nego, sem muita insistência.

Com o tempo comecei a sacar que não eram mais terra ou mar que me seduziam, não eram unicamente minerais ou conceitos biológicos. Eram sim as pessoas, a convivência e interação (De novo o bar?). Mas nunca tive coragem/paciência pra fazer psicologia e tão pouco fé e talento pra ser um religioso. Minha ciência nada exata sempre foi essa de ficar olhando o mundo, tentando entender os detalhes, filosofando sem compromisso madrugada adentro, quase sempre bebendo.

Por esse gosto de beber e por essa sina de revolucionario sem causa, um dia me vi fazendo cerveja.

Fazer cerveja é mais que um hobby, mais que uma pratica de ambição comercial ou uma satisfação de ego. Fazer cerveja é perpetuar um dos rituais mais antigos da humanidade, que é o de reunir o bando para celebrar e beber. Não é só pelo álcool que ao entrar na corrente sanguínea começa a libertar todos os nossos demônios, a romper as nossas mais intensas correntes. É o prazer de compartilhar desse exorcismo coletivo sem a urgência de que termine logo. É a liberdade extrema de compartilhar, histórias, vivencias, alegrias ou tristezas e principalmente, garrafas.

Seguindo então um ditado que gosto de repetir nos momentos de euforia etílica, "Só o álcool liberta.!" Sendo assim, fazer cerveja é subverter. É criar o túnel de fuga para os prisioneiros do sistema. É ter o poder de compartilhar o elixir que da forças ao oprimido. Ser o xamã pronto pra acalmar todos os demônios humanos.

Fazer cerveja, portanto, é ser um pouco Freud e um pouco Papa. Sem compromisso nenhum com a dialética ou com a 'subverciencia' de mitos. O que prevalece é somente o prazer de beber uma boa cerveja na companhia de quem gostamos. Dinheiro eu ganho como puder... A satisfação pessoal fica acima do bem e do mal.

Um comentário:

  1. Velho, tomei ontem uma daquelas garrafas pequenas que tu deixou aqui. Meio frutada e bem gasosa. Fiquei lambendo meus ralos bigodes madrufgada adentro. Fenomenal. Obrigado poe seguir em frente com a prática!

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