segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Uma Cara Nova na Tua Camiseta

Ainda me impressiono como as pessoas se deixam enganar pelos personagens que a mídia cria. Até entendo isso vindo de adolescentes aficionados por astros de rock ou por artistas de cinema. Mas quando vejo adultos, inteligentes e capazes, num lance que beira a adoração de uma divindade. A fé cega de admirar sem conseguir aceitar defeitos e potencializando ao Maximo características simples e até grotescas. Isso me assusta.!

A mídia precisa criar personagens cativantes, assim eles atingem sua principal meta, que é vender. Vender um filme ou uma musica. Vender um produto ou um conceito. A mídia sobrevive disso, e criar esses personagens é seu maior trunfo.

O mocinho da vez é Steve Jobs. Citam frases dele como se fosse o próprio Buda reencarnado. Sobram adjetivos: Gênio; visionário; O cara que revolucionou o mundo digital. Em resumo, ele é o novo supra sumo de ser humano. Pena que ninguém lembra de coisas simples.

Steve Jobs foi só um milionário excêntrico que quase faliu a própria empresa. E quando dizem que ele fundou a Pixar, esquecem que ele só patrocinou os caras que tiveram a idéia. Ele também não inventou nada, como dizem. Ele só incorporou conceitos a um conceito maior que já existia. E por mais genial que ele pareça ser, sua empresa corresponde a uma ínfima fatia do mercado de computadores, dominada por dispositivos do padrão PC e com sistemas operacionais Microsoft. E o ser humano perfeito é o mesmo que possui fabricas na China usando de mão de obra barata, de trabalhadores em condições sub humanas. O mesmo que se auto creditou criação e o desenvolvimento de todos os seus novos produtos, ignorando completamente a equipe de projetistas. Os caras que realmente tiveram a idéia, desenvolveram e executaram. Enfim, ele assume o filho que não é dele.

No fundo, o que o Sr. Steve Jobs tinha, era muito dinheiro e uma boa equipe de marketing. Que fez dele o contrario do que representava o seu concorrente, Bill Gates, que possui a imagem de ganancioso e monopolizador. Criou-se assim o mito de vilão e mocinho. Numa história onde não tem mocinho algum...

Não há nada de novo nisso. Somos dados a divindades e ídolos. E esquecemos que qualquer ser humano tem defeitos e qualidades. E que focado num defeito ou em uma qualidade, podemos criar uma imagem positiva ou negativa de alguém. Assim como Lennon que é símbolo da pacificação dos anos 70. Mas que na verdade era um viciado em heroina que batia na mulher e que rejeitou o filho. Ou Che Guevara, que é símbolo da revolução pela liberdade, mas mandava fuzilar qualquer um que fosse contra o que ele acreditava ser a revolução. E assim segue...

Dia desses fiz um teste e citei frases ditas por Hitler, dando créditos a esses caras. Steve Jobs e John Lennon... Todo mundo acha o Maximo e segue a correnteza. E isso só demonstra como é fácil criar uma fantasia e um mito. Se o cara que estampa as camisetas era herói ou vilão, pouco importa. Importa o que a mídia quer que ele seja.!

Um comentário:

  1. Ah, os ídolos mortos! Cazuza, Renato, e os mais "moderninhos" tb, como o Jobs. Muita gente tão fudida na vida, mas tão idolatrada no pós morte. Se forem analisar a vida desse pessoal, vão ver q eles não foram modelo de vida pra ninguém! Drogados porra-loka q faziam besteira por cima de besteira sob a desculpa de ser um pseudo-gênio.Seja literário, musical, ou do ramo da tecnologia, todos eles usaram da (mal)afamada licença poética pra fazer as suas merdas e continuarem bem vistos aos olhos do povo. Não tiro seus louros, mas reduzo drasticamente suas glórias. Um bom título pro seu texto tb seria "A hipérbole do pós-morte" Parabéns pela crônica, velhinho.

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