segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Fogos de Artifício não Fazem a Revolução

Há alguns dias, conversando com uma pessoa dessas que não desgruda o celular por conta do facebook. Perguntei se ela tinha mesmo aqueles 2mil e tantos amigos se no aniversário dela não tinham mais do que 10 pessoas.? Acho que ela não gostou. Acho até que teria me excluído da sua lista de amigos. Mas como nesse mundo "facebookiano" estatística é tudo, provavelmente não faria nada p/ perder um adepto. Sei que fui grosseiro da forma como me expressei e fico até um pouco envergonhado com isso. Mais pela falta de sensibilidade na hora de me expressar do que pela idéia que tenho sobre o assunto. Nesse caso, o paradoxo de ter um avatar muito popular, mas de ser um pé no saco na hora de jogar conversa fora.

Não sou filho dessa geração FaceBook. Dentro e fora da internet sou um dinossauro sobrevivente. Mas aprendi a me alimentar somente das poucas coisas boas que surgem nesse meio. Sei que há mais gente assim, mas até quando resistiremos, não sei. Acho que o segredo é parar de fazer cabo de guerra contra as tendências e se deixar levar com mais naturalidade, mas principalmente, sem levar tudo tão a sério. A ferramenta não pode domar o artesão, e a internet é só mais uma ferramenta.

Nessa coisa de escrever e publicar num blog sou meio dinossauro. Peguei o inicio dessa mania lá pelo final do século passado, Sim, o século passado, 1999/2001. Naquela época a onda era meio underground, escrever nesse "diários virtuais" era quase como fazer punk rock. O lance "Do it yourself" (faça-você-mesmo) era bastante libertador. Confesso que era muito mais pé no saco que hoje, sim, mas ao mesmo tempo era muito mais intimista. Permitindo quase sempre uma aproximação maior entre leitor e autor. Não existiam ainda essas sub celebridades de internet, que todo mundo conhece, mas que ninguém nunca viu. Havia também uma estranha reciprocidade em que o leitor também era autor e o autor era lido por outro autor/leitor. Enfim, uma “pagação de pau” cíclica ad infinitum.

Eu comecei a escrever num blog porque, desde a maquina de escrever Olivetti, aos rabiscos nos cadernos e apostilas do cursinho, escrever era a minha praia. Jogar na rede esses textos era inevitável. Havia uma busca por reconhecimento e com certeza "blogar" era o caminho mais curto. Penso, logo existo. Escrevo, logo penso, logo existo -Logo Blogo. Acho que era essa a grande viagem de quase todo mundo que entrou nessa.

Peguei o inicio de quase tudo dessa internet comercial dos últimos 15 anos. E como tudo tem data de validade curta, muitas das novidades que vi nascer já nem existem mais. Peguei o trem andando com o Mirc e ICQ, mas tava ligado quando o Napster estourou. Quando fechou também. Quando o Kazaa tomou conta das redes P2P no compartilhamento de dados. E com o tempo até o ruído do modem U.S Robotics de 33kbps deu lugar a outras formas de conexão. Banda larga eu vi nascer como esperança de redenção. Vi também ela ir ficando cada vez mais larga e deixando a gente mais exigente.

As pessoas não acreditam quando digo que sou avesso a tecnologias. Eu tento explicar que é meu ganha pão, até porque faço isso muito bem. Mas gostar pra valer, eu gosto de pensar bobagem, bater papo e beber cerveja. Peguei o começo de tanta coisa, que agora espero a tecnologia criar forma, pra ver se é a minha praia mesmo ou se posso deixar passar batido.

Das redes sociais, sempre tive pé atrás. Acho até que sou anti social demais pra alimentar esse monstro com minha própria carne. Mas isso é pessoal, acho bacana quem tem saco pra aprender e aproveitar essa ferramenta. O problema das redes sociais é que fizeram delas o suprassumo da sociedade moderna, e decadente. As pessoas usam seus perfis como portfólio de personalidade, como se não bastasse o que são de coração, mas a imagem que querem vender. Vale mais o rotulo criado do que o que são de verdade.

Em tempos onde a informação é tão perigosa quanto laminas afiadas. Ter personalidade é quase como polvora. Há quem use pra fazer fogos de artificio, e há quem use pra detonar o canhão.!

3 comentários:

  1. 'Busca por reconhecimento'?? Pra quê? De quem? E depois?? A mesma mesmice anterior?? O 'Escrevo, logo penso, logo existo' já me basta. Acho que já é o bastante! Reconhecimentos em um abraço em meio à música alta, cabeças altas não servem de nada... Da mesma forma que 2000 amigos no orkut/facebook/sonháticos não ser de nada!

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  2. O melhor do texto foi a viagem pelos anos 90. Nasci nos anos 90 mas só tenho plena consciência dos resquícios dessa década. A maior parte de minhas lembranças se resume a desenhos animados. Mirc, ICQ, Kazaa era do meu "tempo", mas nesse tempo eu ainda não vivia no mundo virtual. Napster eu vim conhecer por causa do filme Facebook. Anyway.. meu pai veio ontem com um papo de dependente químico pro meu lado. Que não era normal passar o dia na frente do pc, que isso não era vida. Pior que não é msm. Foda é q qnd não to no note, to no ipod. Qnd descarrega, vou pro cel. É um maldito looping ad infinitum! Se pelo menos fizesse algo útil como escrever, né! Mas só fico conversando com motoqueiros tatuados que têm mais de 365 anos de vida.

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